domingo, 30 de novembro de 2008

Poemas sufocantes I

Despedida

Me despediria de alguns amigos
De outros não conseguiria
Me despojaria de ouro
De prata
Me despojaria das mágoas
Caminharia na praia
Até o paredão de pedras
Respiraria profundamente
A brisa marinha
Olharia no céu as gaivotas
Olharia no horizonte as embarcações
Sentiria meus pés na areia
Sentiria minha existência uma vez mais
E sorriria
4/11/2008


Vírus

Quem me contaminou?
Quem me contaminou?
Agora sou virulenta
Agora sou transmissível
Sou um punhado de sal
Sou bruma
Penumbra
Cicatriz
Sou apenas um resto da mácula
Da mágoa com a qual você me partiu
Sou um resto de mim
Sou o que restou de sonho
Sou o que restou do que vivi
Sou o que restou do espelho em ti
Sou descostura
Sou impostora
Sou só o que um dia serei melhor
O que um dia atarei pelas arestas
E mais lapidada, mais fina,
Sobrevivida,
Ressuscitarei


Cena on the beach

Imagética
Magnética
Chocante
Arrogante
Aterrorizante
Vigia
Vinha
Ocaso
Maresia
Farol
Pés e mãos
Gritos e corridas
Arfar de peito
Amplidão