Na madrugada fria, o que sonham as divas?
Isabelle, magra, alta, 27 anos, formada em Letras, professora universitária. Experiente no amor, topa tudo. Esta noite sonha com um homem mais velho, seguro, pronto para fazê-la esquecer as relações mal resolvidas. Ele quer apenas o que ela pode lhe dar, sexo puro, intenso, livre de amarras, livre de tabus, livre de cobranças. Ele também está inteiro ali para ela, porque ele não tem preocupações. Tudo flui intensamente.
Luana, estatura mediana, 25 anos, bióloga, assistente de laboratório na Universidade. Joga capueira e faz yôga, cozinha e adora programas esportivos. Esta noite sonhou que estava com pouca roupa dentro da câmara fria do laboratório. Seu orientador vem lhe socorrer, lhe empresta o jaleco e repreende por não estar atenta às necessidades da labuta. Pensa bem, recorre ao aquecedor da sala. Lembra de Raul, banho de sol, mar, ondas curtas e muito amor no último verão antes que ele voltasse para a Califórnia. Nada mais perfeito do que um profundo amor de verão com hora marcada para acabar.
Marcela, 23 anos, socióloga. Trabalha em uma ONG ambientalista e faz mestrado. Ama Miguel, que ama Rafaela. Já esteve com ele duas vezes, o sufiente para não conseguir esquecê-lo. E antes dele, Antônio, que também lhe deixou uma ferida aberta no peito. Do que teriam tanto medo os rapazes de sua idade quanto a envolvimento e um relacionamento estável? Parece que todas as mulheres que conhece sabem exatamente o que querem, enquanto os caras ficam sempre patinando e dando em nada. Esperava ansiosamente o final de semana para que, quem sabe, encontre uma pessoa diferente, que a libertará dessa prisão que é gostar de alguém sem ser retribuída. Esta noite sonhou com Miguel, tomando um sorvete de chocolate. O sorvete lhe escorreu pelos dedos e ela vai ajudá-lo com um guardanapo. Ele agradece, sorri como sempre
e lhe dá as costas. Uma menina observa tudo.
Vanessa, 24, professora de educação física, cabelos com mechas loiras. Sonha que está com seu pai e irmão num barquinho de borracha. Os três indo por um rio largo pescar, como faziam em sua infância. Ela observa a margem, as árvores que quase caem dentro do rio. Alguns pássaros que pousam nas copas, outros que sobrevoam a água.
Um susto. Um jacaré que mergulha e ela pensa que não gostaria de estar ali num barco de borracha. Sonha mais. Sonha com José na barraca de lona. O cheiro de lona quente junto com o suor dele e dela, tudo denso, tudo úmido, tudo ferve como a sua pele.
Taís, designer, 28 anos, cabelos negros, encaracolados na altura dos ombros. Recém chegada de Barcelona. Sonha com Vitor, sonha acordada com um amor muito rápido e abandonado. Carnal, visceral, espanhol, fugidio. Mal o conheceu já foram para a cama. E os diálogos foram poucos e curtos demais. Ele a tocava, ela retribuía, nada mais houve a não ser quatro ou cinco encontros num quarto da faculdade. Ele demonstrava afeto e um mundo de possibilidades, mas logo no seu olhar era o vazio. Suspira, que bom que foi, que pena, que coisa!
Estela, 25, advogada. Olhos e cabelos castanhos, lisos, longos até a metade das costas. Adora o que faz, mas não consegue progredir no escritório. Sonha com uma promoção. Devoradora de homens, não consegue ainda se envolver profundamente, mas queixa-se de homens interessados apenas em seu corpo, lindo. Vê nisso um erro de postura próprio, porém ainda não toca o âmago do problema... Viaja aos finais de semana para a praia sempre que possível. Torra no sol e sonha com um moreno lindo, forte, de olhos negros, que chega na areia para conversar sobre filmes e livros. Ela está surpresa e empolgada, decide dar uma chance a algo mais pleno. Acorda com as picadas de mosquito na nádega esquerda e lembra que o moreno do sonho já foi experimentado e riscado da sua agenda telefônica do celular, do MSN e do Orkut.
As divas quase balzaquianas têm esperanças e sonham com uma perplexidade, um arrebatamento, um pulsar mais forte que não termine em lástima, em gosto amargo ou vergonha de acordar no outro dia. As divas são lindas, inteligentes, certas do que precisam, mas pouco compreendidas. As divas se arrumam, se armam, conversam entre si e têm a certeza de que algo melhor surgirá qualquer dia desses. As vezes ficam mal humoradas pela espera, pelo peito vazio de uma grande paixão no presente.
Onde será que estarão as suas metades? Se é que elas existem! Mas ao menos, onde estarão aqueles gatos, inteligentes, bem sucedidos, bem intensionados e muito bons de cama que elas ambicionam, sonham, imaginam?
Basta um olhar, um sorriso, uma fala não, ou pouco, premeditada, mas certeira, para que elas sejam conquistadas. É tão difícil arrebatar uma Diva?
Se você tem um sonho ou sugestão de como arrebatar uma diva, escreva nesse blog!