quinta-feira, 26 de junho de 2008

Polêmicas

Se o fim
dessa história
for uma loira
que ela seja
gelada



__ Nada de camisinha!
pílula, DIU...
Nosso objetivo é crescer, copular
e reproduzir.
O resto
é invenção da cultura!



Se a filosofia é vã,
Imagina eu!



Fábulas engarrafadas:

A bailarina que bebia
queimou a largada
rodopiou e caiu
as estrelas...
dançaram



Torce um cigarro
Entre coxas
Entre peitos
Momentos
Entre solavancos
Entre peidos
Sobra só o pó
e o dia amanhecendo



Finjo um dar de ombros
e acordo com torcicolo



Bebe a sopa de letrinhas
que eu como carne crua
e exalo poesia


Desintoxica-ação

Corri pra beber tudo
bem rápido
e ver de novo
as estrelas piscando-piscando
ando-ando...
desintoxicação
dancei a noite toda
suei
e sonhei canção

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Para Fiódor

Soul

Sou leonina
Sou sanguínea
Sou tapa de luva
Sou chuva
Sou América Latina

Sou barco
Não ilha
Sou marco
Sou rima
Sou alma
Sou dia
Sou lua
Marília

Sou pés
Sou mãos
Sou pura
Sou tia
Sou baleia
Sou sereia
Sou dom
Não sou cadeia

Sou macia
Sou esteira
Sou enseada
Sou simples
Sou surpresa
Não emboscada

Sou névoa
Sou magia
Sou areia
Sou Bahia
E vago
Luto, Vivo, Escapo
Sonho canto
Tiro o manto
E escrevo poesia

domingo, 15 de junho de 2008

Mantra

Quanto quântico
fico no cântico
que se repete
tântrico, tântrico

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Dia dos namorados

E no dia dos namorados, que deve ser todos os dias, mas este, que seja cheio de caprichos, de surpresas e não um trocar desonesto, ou um sorriso de lado.
Que sejam os dias dos namorados felizes, apaixonados, que sejam quentes e ternos, verdadeiros, mesmo solitários. Namora a ti mesmo e serás feliz sempre, certo?

E com menos glamour e de domínio público, para os solteiros:
"Até pé na bunda te empurra pra frente"

Feliz dia dos namorados! Aos namorandos e aos apaixonados por si mesmos, sem vaidade.

Para acalentar ainda esse dia, um poema da maestrina:

Hilda Hilst

Prelúdios-intensos para os desmemoriados do amor

I
Toma-me. A tua boca de linho sobre a minha boca Austera. Toma-me AGORA, ANTES Antes que a carnadura se desfaça em sangue, antes Da morte, amor, da minha morte, toma-me Crava a tua mão, respira meu sopro, deglute Em cadência minha escura agonia.
Tempo do corpo este tempo, da fome Do de dentro. Corpo se conhecendo, lento, Um sol de diamante alimentando o ventre, O leite da tua carne, a minha Fugidia. E sobre nós este tempo futuro urdindo Urdindo a grande teia. Sobre nós a vida A vida se derramando. Cíclica. Escorrendo.

Te descobres vivo sob um jogo novo. Te ordenas. E eu deliquescida: amor, amor, Antes do muro, antes da terra, devo Devo gritar a minha palavra, uma encantadaIlharga Na cálida textura de um rochedo. Devo gritar Digo para mim mesma. Mas ao teu lado me estendo Imensa. De púrpura. De prata. De delicadeza.

II
Tateio. A fronte. O braço. O ombro. O fundo sortilégio da omoplata.Matéria-menina a tua fronte e eu Madurez, ausência nos teus claros Guardados.

Ai, ai de mim. Enquanto caminhas Em lúcida altivez, eu já sou o passado. Esta fronte que é minha, prodigiosa De núpcias e caminho É tão diversa da tua fronte descuidada.
Tateio. E a um só tempo vivo E vou morrendo. Entre terra e água Meu existir anfíbio. Passeia Sobre mim, amor, e colhe o que me resta:Noturno girassol. Rama secreta. (...)

[Júbilo memória noviciado da paixão (1974)][in Poesia: 1959-1979/ Hilda hilst. - São Paulo: Quíron; (Brasília): INL, 1980.]

sexta-feira, 6 de junho de 2008

O poeta enciumado

Serias um arcadista?
Travestido de ultra-romântico
Haja alegria disfarçada de amores tórridos
De tristezas vazias
De paixões aumentadas
Todavia frias
Se o calor do sol te toca a face
E brilhas sorrindo numa relva verde
Porque te escondes num manto sombrio
Num poço fundo, lacrimejante?
Num disfarce lúgubre
De loucura, Mr. Hyde?
Se és somente um pássaro
E vida e música e paz
Se a felicidade te incomoda
Te desencaminha
Finja então uma breve escuridão
Que ela não te oprima!
Não te cale
Eu correrei na relva
De pés nus
De braços abertos
Sem medo de te encontrar