terça-feira, 3 de julho de 2007

De coxinha e croquete


Campinas, cidade grande, vezes provinciana, conserva algumas iguarias de variações de salgados comuns como a coxinha de carne seca do Bar do Jair (Barão Geraldo), vale a pena conferir com o molho picante do local, algo indefinível, de cor laranja, mas muito bom mesmo. Já a coxinha mais tradicional pode ser degustada no Bar da Coxinha, também no distrito baronense, excelente qualidade e tempero caseiro. Já de croquete, não há como negar a supremacia do Giovanetti, que serve o aperitivo com o nome de rolha - simplesmente perfeito, na medida. Mas se de coxinha e croquete os campineiros não podem reclamar, vejamos o que pensam nossos admiráveis personagens do blog.

Miguel chega mais uma vez na padoca em frente ao trampo e se depara novamente com Luiza. Já tinha visto ela ali umas duas vezes, mas aquele dia ela realmente estava bonita demais. Saia preta, meia calça, um look inverno, sóbrio, mas indefectível. E na padoca, ela se destacava: cabelos longos encaracolados nas pontas, castanhos como os olhos. O que era aquilo? Ela de ladinho meio sentada na banqueta do balcão, era alarmante.

Tentava disfarçar, mas seu olhar estava preso.

Só lhe sobrava a opção de tentar algum contato, mas ela estava meio aérea, pensando n'alguma coisa. Continuava olhando-a fixamente.

Eis que o Júlio, por trás do balcão percebeu, olhou pra ela, olhou pra ele, olhou pra ela de volta. E ela se virou pra ver o que era. Que vergonha! Oh cara indiscreto, mas estava feito. Ela virou, ele sorriu, ela sorriu de volta, sem grandes indicações de afetividade, mas um sorriso é sempre um sorriso, mesmo que seja um meio riso de bom dia.

Nada tinha a perder, a não ser mais um pouco de dignidade, foi até ela.

- Ôpa, tudo bem?
- Oi... tudo.
- Acho que eu já vi você aqui umas vezes, eu trabalho aqui perto e você?
- Aqui em frente, no escritório de advocacia.
- Ah, legal.
- Posso sentar aqui?
- Claro, mas eu já estou de saída, tenho que voltar para o escritório.
- Beleza. É... você é daqui de Campinas mesmo?
- Sou sim.
- Hum, e você curte ir aonde?
- Ah, eu vou muito em bares com música ao vivo. Mas não tenho saído muito, estou na correria terminando uma especialização. Sabe como é!
- SEi. Olha só. Tô vendo você aqui comendo essa coxinha e pensei, eu também adoro isso, como sempre. Mas sabe que tem uma realmente especial num bar que eu conheço? Você deveria experimentar.
- Ah é? Mas ir num bar pra comer coxinha... realmente é diferente!
- Não, mas essa coxinha é excepcional. Os caras têm de carne seca, frango, camarão, de catupiry, é um absurdo! Olha só, eu vou lá sempre. Você tá a fim de conhecer? Eu te levo lá. É num bar bem legal em Barão...
- Legal... mas eu nem te conheço direito...
- Prazer Miguel, sou publicitário, trabalho aqui na agência do lago, tenho 28 anos, solteiro, campineiro, faço pós na GV, moro no Castelo...
- Nossa, a ficha toda!
- E você?
- Ah, sou Luiza, prazer.
- E o seu telefone?
- Risos
- É sério, vou te ligar e a gente vê se você tem um tempinho para experimentar a coxinha, você vai adorar...
- Essa foi inédita!
- Não é?
- Anotaí então...
- Certo.
- Então tá, preciso voltar ao trabalho, tchau.
- Tchau, eu ligo, um prazer te conhecer.

Um comentário:

Ed Ferrent disse...

Apenas três pequenas observações a respitos dos tópicos aqui postados:
1- coxinha é tudo de bom na Terra. E cantar alguém, embasado em coxinha é quase um 'inédito e voluptuoso descalabro'!
2- tu é uma diva. tenho dito.
3- o jornalismo ferve nas veias, hã?
bjo. eafera.