Você sabia que entre esteiras
E entranhas
Eu já não era mais a mesma
Eu não era mais aquele sorriso fácil
Aquela leveza
Eu já carregava o peso da experiência
Das tristezas choradas
Das desilusões sentidas
No âmago
No gargalo
Eu já teria uma ruga na testa
E as mãos rápidas
Eu já teria mais reflexo
Menos medo
Menos crítica e menos crença
Mais malemolência e menos espontaneidade
Ainda assim a beleza
Ah, a beleza de uma mulher!
Nunca se vai
Se olhada com os olhos certos
Com os olhos de quem vê as estórias
Mais do que a memória
Quem vê o sentido
Mais do que os sentidos
Mais do que os livros
Mais do que os filmes
A sobriedade incerta e impura
A indecência da verdade
Que já não foge
A virtude da verdade
Da beleza que não sai com água
Das frases ditas com atenção
Sem mistério
Com a verdade que simples
É tão atraente
E seduz
Para os que possuem os ouvidos para ouvir a verdade
E admirá-la
Além da beleza pueril
Além da espontaneidade juvenil
Além das cartas marcadas
A verdade
E admirá-la
Além da beleza pueril
Além da espontaneidade juvenil
Além das cartas marcadas
A verdade
Neo-arcadismo em uma noite de verão
Não aprisionarei rebanhos
Mas correrei com os cavalos selvagens
Não te profanarei com minhas perguntas irrefutáveis
Mas cantarei pra ti trova e verso
Cultivarei pra ti lírios e gerânios
E o luar será nossa moldura
Sem fugas
Sem espelhos
Sem degradação
Virarei a noite com teus beijos
E ter ornarei de orvalho e mirra
Vou te coroar com a minha vontade
E brindaremos com vinho e pão
Amigos e rodas
De mãos dadas
Sem ouro, sem penas, sem a beleza que sai com água
Só comunhão
Nenhum comentário:
Postar um comentário