segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A-N-S-E-I-O paralisante

Foto de Letícia Feix numa tarde de verão com Cecília Gomes

Não havia nada
Só um peixinho dourado
Aprisionado numa fonte transparente
E uma vitória régia
Mas nada será como antes
Agora que em tudo vejo poesia
Nos nenúfares
No ronco do vento balançando os ipês
Até nas folhas que rolam secas neste fim de inverno
nos arrulhos
nos carros que passam ao longe
Tudo remonta à cidade viva
No meu peito
Arfando forte
Pulsando em minhas veias
Poéticas,
Frenéticas
Pelo novo
Por todas as páginas em branco
E todas as letras abismais
E todos os espaços entre palavras
E reticências que vou usar
Para contar esta história
Que começa
Num suave desespero
A-G-O-R-A:

“A Maria que amava o João
Cansou da espera na janela
Saiu numa passeata
Encontrou um francês
Foi pro bar
Bebeu todas
E acordou dotada
De todas as cores e advérbios
De uma mulher livre”.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

No limite da razão

Na razão eu fujo

Na razão eu tremo

Na razão eu suo

Na razão extremo

Na razão eu sofro

Na razão eu penso

Agora tomo a pílula do esquecimento

Álcool em gel

Trufas coloridas

Balanço o nariz

Pó de arco-íris

Cheiro um unicórnio

E resolvo:

Ser F-E-L-I-Z

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Vancouver



Caminho na neve

Sem congelar os pés

Sem me importar com as poucas pessoas a sorrirem

Ou com os galhos nus...

Seu amor me aquece

Cada memória com você me aquece

O amor queima

Arde

Amortece

Cauteriza

Fortalece

Dessa fortaleza emano

Rejunto os pedaços

E renasço ainda mais linda

Livre

Beleza e liberdade

Ímpetos versus suavidade...

Cada dia não será suficiente

Para isso temos a história

Vivida a cada manhã fria

E a cada noite quente

Em seus braços