segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A-N-S-E-I-O paralisante

Foto de Letícia Feix numa tarde de verão com Cecília Gomes

Não havia nada
Só um peixinho dourado
Aprisionado numa fonte transparente
E uma vitória régia
Mas nada será como antes
Agora que em tudo vejo poesia
Nos nenúfares
No ronco do vento balançando os ipês
Até nas folhas que rolam secas neste fim de inverno
nos arrulhos
nos carros que passam ao longe
Tudo remonta à cidade viva
No meu peito
Arfando forte
Pulsando em minhas veias
Poéticas,
Frenéticas
Pelo novo
Por todas as páginas em branco
E todas as letras abismais
E todos os espaços entre palavras
E reticências que vou usar
Para contar esta história
Que começa
Num suave desespero
A-G-O-R-A:

“A Maria que amava o João
Cansou da espera na janela
Saiu numa passeata
Encontrou um francês
Foi pro bar
Bebeu todas
E acordou dotada
De todas as cores e advérbios
De uma mulher livre”.

Um comentário:

Marina Moscardini Souza Lellis disse...

Adorei o poema, Lê! Lindo! Parabéns!

Beijos