segunda-feira, 5 de julho de 2010

Névoa

O buraco da fechadura
Não exprime mais aquela dúvida
Apenas o escuro
Além da porta recém fechada
Toco a campainha do teu sonho
Bóio na imensidão prateada
Viro o barco num mar tranquilo
Pra te encontrar uma vez mais alma penada:

Sussurro ecoa vagueando
É hora de voltar à luta armada
Vou chamando
- Volta minha amada!
Que a morte sem tu’alma não é glória
E para mim não há remédio além daquele
Que refaz cada passo a nossa história

Não há inferno
Não há claustro
Que remonte
O terror de um campo de batalha
Mas a dor de estar sem ti nesse rochedo
É maior do que arder em vil fornalha

Vou passar aos ventos o teu nome
O meu lamento se traveste de uma flâmula
A bradar que tu és a minha amada
Um só dia, nem mais horas, nem instantes
Poderei permanecer sem tua clava

Teu semblante, tua voz, tua luz
São os únicos guias de outrora
São os guias para sempre em minha vida
Ainda que desses dias não desfrute nessa hora

Sei que nada mudará este enlace
Basta agora encontrar-te e refazer-te
Rainha, Dulce alva, minha escrava
Pois desse amor sou senhor e baluarte
Aguardo-te, busco-te impertinente
Vem brilhante me lembrando do horizonte
Um ensejo, um resquício de sorriso
Irei abrir ao ver-te vindo tão distante

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